sexta-feira, 19 de abril de 2019

A tinta que eu escolhi sozinha

Durante os últimos 3 anos e meio todas as vezes em que pintei o cabelo Ramon esteve comigo escolhendo a tinta, era uma briga e uma diversão e sempre uma incógnita de qual cor seria da vez, enquanto ele queria as mais extravagantes eu preferia as mais fechadas, eram horas nas americanas escolhendo a tinta, eu me divertia com isso.

Em 31 de janeiro isso mudou. Em 31 de janeiro nosso relacionamento chegou ao fim, não houveram brigas, mas desgastes e sonhos de vida diferentes e desde então tudo mudou de novo.

Me ví sozinha em casa, sim eu recebi todo carinho, amor e apoio possível dos que me cercam, mas a realidade doméstica me apresentou uma solidão que eu nunca senti, mesmo quando passei a morar sozinha; sozinha não, com o Leãozinho, meu companheiro, meu fiel escudeiro, meu protetor, meu ranzinza. E, um ano e sete meses depois da sua partida, o vazio permanece no coração.

Desde 31 de janeiro uma nova realidade me foi apresentada, estar comigo e ser a minha melhor companhia. Entre dias bons, ruins, lágrimas e sorrisos vou me adaptando.

Nunca, desde que comecei meu curso de produção cultural me dediquei tanto, me esforcei tanto para alcançar um objetivo quanto agora, que tenho um objetivo real, me formar. Tem momentos em que eu penso que não vou dar conta, mas mesmo assim tem sido leve, tem sido prazeroso, tem sido feliz.

Nunca em todos esses anos, desde 2009, quando fui morar sozinha, pensei em ter uma rotina apenas minha, e pensar minha casa, minhas obrigações, meus horários... Estou aprendendo a me reinventar, a me encontrar e reencontrar...

Escolhi minha tinta de cabelo sozinha, busquei uma que remetesse a cor do meu cabelo, neste momento de reencontro eu quis ter uma nova oportunidade de ser eu mesma e nenhum momento é melhor que o agora para me encontrar novamente.